Ando um pouco entediada,
A vida para muita gente vale quase nada!
De verás, me sinto desapontada.
Em minha espécie estou envergonhada.
Tem pessoas na calçada; e, em cada novo ano, não muda nada!
Nasci com um defeito: não sou conformada!
As pessoas são infelizes por tão pouco ou quase nada.
Vivem do fingir na longa estrada.
E eu, fico a olhar toda essa conformação errada.
Estou muito chateada!
Entra ano e sai ano; eu me livro dos enganos!
E já vivo mais calada, ouço tudo e falo quase nada.
Mas o mundo, muda pouco na estrada envergada.
Estou lendo e vendo as vidas amarguradas.
Estou assim desapontada; em minha espécie envergonhada!
São tantas mentiras que levam a tantas estradas erradas.
São pessoas que se esquecem de qual é a melhor jogada.
Mas, porque eu, justo eu, não nasci para ser mais uma conformada.
Olho no mundo e não me encaixo. Vejo superficialidades e não me acho!
Olho a vida até de cabeça para baixo!
Me pergunto se ninguém vê nada.
Sou só eu; a desvairada;
aquela que fala a verdade e vive assim armada.
Ah, se os seres humanos se respeitassem nas entranhas!
Na garganta dos homens não entalariam as façanhas banais.
A grande maioria nesta vida cumprida, apenas desce pela estrada.
Alguns passarão pela vida sem deixar pegadas na calçada.
E essa é a paga por ver e não entender nada!
Eu queria entender menos; para fingir viver mais!
Sorrir em dias de tristeza e achar violências normais.
E ainda, me valer de futilidades sociais!
Fazer falsas gentilezas. Enganar com delicadezas;
Mas, não consigo, sou um bicho de grito esquisito.
Aos sete anos, ganhei minha primeira arma, foi minha primeira caneta!
Era vermelha, eu dava sangue ao papel, eu lhe dava vida!
Com ela, aprendi a atirar palavras.
E com o tempo me coloquei a olhar o mundo por uma luneta de silêncio.
Observar virou esporte.
Falhar virou calvário! E acertar nunca foi sorte.
Sorrir só com sinceridade, e para tudo, passei a usar a verdade.
Os contos de fada; uma maldade, ainda criança, e eu, já lia as suas verdades!
Como grande parte dos humanos se vale do egoísmo maléfico e sagaz!
Fui ficando cada vez pior.
Comecei a respeitar as pessoas e buscar respeito nelas.
Procurei observar até mesmo a minha sombra.
Adotei o respeito como a única palavra de valor em mim.
Fui me tornando diferente, deixando de ser igual a maioria de toda gente!
E agora, é que percebo o quanto sou estranha, querer beleza tamanha; respeito na minha espécie.
Querer o impossível, querer respeito humano e verdades tamanhas vindas de todas as entranhas sociais. Querer que gente haja como bicho, respeitando a vida de um modo geral. Se dar o valor de ser um Ser Humano!
Ah, minha maior carência, ser esse predador mortal, um humano animal.
Um bicho com raciocínio letal, o único destruidor dentro da cadeia geral.
Meu maior desejo era ser irracional, para usar o instinto não fatal.
Ser um bicho como qualquer um outro.
Não ser um humano fútil e "racional".
Ando um pouco entediada,
Já leio a vida em qualquer livro e não me acrescentam quase nada!
Um caminho tão simples que passa desapercebido em muitas estradas.
Deixa assim, milhões de pessoas arruinadas, amarguradas e desesperadas.
A vida é complexa cheia de fios e os abstratos que cegam as muitas jornadas.
Me desvio; e me envio; ligada ao fio; faço os dias bem mais frio!
E me respondo as incertezas de minha plena incerteza da certeza!
Os homens seriam bem mais felizes se soubessem...
E assim, termino esse escrito na leveza, em palavras duras com certeza!
Pois é assim, natural de mim as verdades e as clarezas
Não é do meu feitio tanta delicadeza!
Estou entediada com a vida a doer, sem acrescentar nada me ponho a pensar e entender.
Hoje sei que, saber menos é poder fingir mais!
É ser capaz de se aceitar como bichos sociais.
Uma pena: descobri isto tarde demais!
Não sei fingir sagaz!
Leio a vida demais!
Luciene Rroques 05-04-2014
Um grande abraço a todos!