(Conto. O conto abaixo exige um certo conhecimento em mitologia, ou sua essência se perde. Boa leitura a todos)
O homem ideal
“_Avalon, hoje não posso mais falar contigo, perdemo-nos na grande tempestade! Eis que já sabes por demais, e grandes feridas são incuráveis, a toda alma sabida. Queria o sol dos teus cabelos embrenhados em meu rosto agora, queria nunca haver conhecido Morfeu.”
Assim Anastácia começou a sua carta de amor. Mais adiante ela dizia: “_Tenho todas as lembranças ainda de cada passo teu; Avalon, porque retrocedes a alma que tanto foi minha! Oh amado de minha existência o que buscas em tantos propósitos despropositados teus.” Dar-te-ia o brilho de meus dois olhos se tu, que: condena-me a falta de paz, aqui estivesse em minha eternidade.
Anastácia, continha às lagrimas; estas gotas preciosas que já não brotava em tempos fora da grande guerra. Tantos homens espalhados pelo país, todos deixados à própria sorte. Entregues, sofridos ao leme da morte, longe de tuas amadas “anastácias”. Onde estás? Oh, Avalon de tua Anastácia!
Era tempo de sofrimento, uma dor que nunca teria um grande fim. O peito de Anastácia carrega as flores roubadas de qualquer jardim. Os risos em qualquer hora, sem o menor propósito de ser. O jeito inocente de chegar a sua frente e um beijo lhe roubar. As palavras atrapalhadas, todas despropositadas para risos lhe arrancar.
Guardava a inquietude dos olhos que apenas se satisfazia quando podiam lhe ver. Ah! Como era doce o contentamento daquele existir em Avalon, onde habitas no infinito a vir dos sonhos! Nascera para Anastácia, não havia a menor dúvida. Sentada e com o papel a mão continuava o calvário da escrita de amor. Ela escrevia: “_Lembro-me da ultima vez em que me dissestes que jamais em tempo algum me deixaria e não deixas jamais. Avalon, amado de minha alma, queria tê-lo em meus braços por mais um instante e nunca deixa-lo partir por fragmentos de segundos no meu existir.”
Rosas despetaladas caiam para todos os lados enquanto a carta era escrita. A chuva fininha batia na janela do quarto; a lua bem alta e tão pequenina dava nome ao coração de Anastácia. Alguns animais faziam sons do lado de fora da casa; enquanto pessoas andavam em silêncio pela calçada. E a dor invadia o quarto de Anastácia, entrava serena caprichosa nas lembranças que tem de Avalon.
O tom de sua voz era manso, e ainda estava ali, podia ser ouvido a todo o momento, era ele, era Avalon. E ouvia a pobre alma solitária: “_Anastácia, querida; espere que eu não te ame? Não pense no impossível, bela de minha alma que eternidade a mim proclamas, deleite do corpo que a alma derrama, transborda o mel das mais finas cascatas. Para que eu não te amasse deverias ter-te nascido de ventre algum! Pois onde nascestes iria eu a tua procura. Na eternidade de te amar em luas serenas, em mares revoltos, em guerras no mundo dos homens em que o mundo de aflição e descontentamento promove a morte. Sacrificar-me-ia em sacrifícios aos Deuses, em esquecimento de minhas certezas, para tê-la em meus braços na eternidade; você Anastácia estará sempre certa de meu amor.”
Ouviu e rasgou mais uma carta, pois o dia ia se clareando naquele quarto frio, envolto por gotas pequeninas de longa tempestade branda nos sentimentos de Anastácia. As vozes de Avalon jamais se calariam após aquela noite. As ideias de Anastácia eram todas de Avalon; mortal algum serviria ao mundo dos Deuses; onde apenas as almas mais puras são capazes de entrar; pois o sublime é profanamente sagrado na profusão de todo o ser em si mesmo, no que embala as frias e amargas lembranças do homem ideal. Avalon de Meindrye III, o amor imortal!
Um grande abraço a todos!