segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Carta ao leitor


Tento ter uma noite tranquila, mas vejo que não consigo. O sono da realidade roubou-me os sonhos quando dormi pela última vez. Para muitos é normal que se durma, até um dia que desperta-se para o que é a vida. Este dia pode vir de muitas formas à diferentes pessoas.

No meu caso não sei responder quando, se estudei demais e afundei-me no mundo científico, se fui uma alma que ainda vaga em busca de meu próprio corpo, acreditando somente na minha mente; sinceramente eu não sei dizer. Tenho um sério problema quando tento me descrever, me vejo tão incomum; ou um bicho como outro qualquer.

Por vezes me vejo até mesmo fora de tudo que vejo a minha volta. Agora por exemplo, o Carnaval. Penso: que sentimento estranho envolve tão grande manada de seres humanos da qual eu pertenço em espécie; é um imenso grupo mobilizado a troco de que mesmo? A troco da felicidade de festejar, seria isto? Seriam todos infelizes sem festa? Onde mora a felicidade, onde está. Ou seria apenas uma grande manada sem rumo, buscando os mesmos ferormônios sentimentos.

O sentimento humano nesta época, molda-se puro em pseudo-sonhos, fantasias e alegorias fantasiosas de realidade; uma hipocrisia desalmada do próprio homem para si mesmo. Uma grande manada a despojar os lucros (seja lá quais forem) de interesse. Não sou contra os lucros, nem contra a venda ilusória dos sonhos, mas não consigo sonhar sem que meu cérebro participe, tanto me apeguei a este danado que: eu nem mesmo consigo olhar para os lados sem usa-lo o mínimo que seja.

Meus instintos de sobrevivência, reprodução, sexuais, e motivacionais de agrupamentos, são aguçados para o lado das verdades nunca ditas, a vida é uma grande mentira e graças dou a grande maioria não ver isso, pois seria difícil viver em grupo diante de dolorosas verdades sociais e um tanto animais.

Então me pergunto, que ser humano sou eu? Um ser incapaz de aceitar as mentiras no cinismo que vejo. Uma boa quantidade de gente reunida em bando com a finalidade de liberar o libido, acasalar-se com qualquer outro bicho que apareça. Soltar as suas frustrações em forma de dança exibicionista de seus próprios corpos.

É por isso que se chama Carnaval. Todo mundo lambuza-se da carne alheia e acreditam ser isso a prova da felicidade. O dia que o homem entender que o cérebro pode estar acima dos instintos primitivos como sexuais, Carnaval ganhará outro sentido e com certeza outros adeptos.

Enquanto a espécie entende que a vida só pode ser repleta em alguns segundos, e não dentro de si mesmo; uma grande festa para alegrar a todos é feita e regada aos instintos. O comércio lucra, a economia anda, e a humanidade caminha para a desvaloração de si próprios: apenas como um pedaço de carne por uma semana. O acasalamento imensurável e real é raro, cada vez mais instinto, aquele que daria prazeres íntimos a alma. Tudo vira um ato vulgar de cópula às avessas sem reprodução ou não, com DSTs, ou não; até o final do ciclo da felicidade humana: uma semana!

Um grande abraço a todos!

3 comentários:

Bento Sales disse...

Olá, grande amiga Luciene!
Seu texto contém sabedoria e lucidez ímpares. O povo está alienado e, muitas, não tem consciência subjetiva. Se tivermos objeção, somos incompreendidos, pois a normalidade, para muitos, está com a maioria.
Também não sou adepto deste circo porque acho que há muitos outras razões importantes para ter minha atenção.
A compreensão humana sempre será ignota.

Parabéns pela lucidez!

Abraços do amigo de sempre!

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Oi Luciene, belo texto!
Estou tendo alguma dificuldade em comentar alguns blogs, tal como outros blogueiros com quem tenho conversado. Já tinha estado aqui mas não ficou comentário...

Abraço tb p/ vc

Marcia M disse...

Oi lucilene quero te pedir autorização para divulgar seus textos e algumas frases tuas no facebook com devidos creditos,ok bjos!